A Calvície Feminina

12 de janeiro de 2016

A calvície de padrão feminino também é causada por predisposição genética e pela presença do hormônio dihidrotestosterona (DHT), mas manifesta-se de forma diferente da masculina. Em sua forma mais comum, o processo de miniaturização é mais difuso, tornando o cabelo mais ralo em uma área vasta da cabeça, sem criar áreas totalmente calvas e sem regressão na linha do cabelo. Normalmente, a área mais afetada é o topo da cabeça, mas pode afetar todo o couro cabeludo. Neste caso, o tratamento mais indicado é não cirúrgico, já que todas as modalidades de cirurgia para restauração capilar requerem a existência de uma área doadora com alta concentração de fios.

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Além da calvície de padrão feminino, há outras causas para perda de cabelo em mulheres, como alterações hormonais, estresse, doenças, uso prolongado de determinados medicamentos, deficiências químicas, entre outros. Antes de indicar um tratamento, devem ser descartados quadros em que a perda de cabelo é sintoma de uma condição que afeta a saúde da paciente e que demande tratamento global.

Há também outros padrões de perda de cabelo que afetam as mulheres. Clique aqui para saber mais sobre eles.

Desde 2004, o número de pacientes do sexo feminino que fizeram cirurgia para restauração capilar em todo o mundo aumentou 24%. No mundo inteiro, as mulheres constituem 14,2% por cento de todos os pacientes de restauração capilar. A cirurgia de transplante de cabelo costuma ser a mais indicada, bem como tratamentos não cirúrgicos como o medicamento Minoxidil, o Laser de baixa voltagem, e, em casos específicos, a Finasterida, normalmente mais indicada pra homens, entre outros. Uma definição mais detalhada e opções de tratamento são dadas a seguir.

Definição e desenvolvimento

(Por Maria Angelica Muricy)

A alopecia androgenética (AAG), conhecida como calvície, é o tipo mais comum de perda de cabelos. O termo foi descrito por Orentreich em 1960 pela presença dos componentes genético e androgênico envolvidos na fisiopatologia da enfermidade, ou seja, os folículos capilares geneticamente determinados, na presença dos andrógenos, entram em um processo de miniaturização, definida como a transformação de um pelo terminal em pelo velos ,até desaparecerem completamente. Nos homens esta característica é bem observada. Nas mulheres, o mecanismo de ação do componente androgênico não é totalmente esclarecido e a apresentação clínica é diferente. Por isso, atualmente, prefere-se o uso do termo Alopécia de Padrão Feminino (APF) no lugar de alopecia androgenética feminina.

O início do aparecimento dos sintomas pode ocorrer logo após a puberdade, com picos de prevalência nas décadas de 20 e 40, períodos de perimenopausa ou em alterações hormonais. Sua incidência é tão alta quanto a dos homens, cerca de 50% da população feminina com menos de 50 anos á acometida pela patologia. Apesar de muito comum, não é corretamente diagnosticada em todos os casos. Em consequência disso, os tratamentos prescritos nem sempre são os mais adequados.

É importante estar bem informada antes de se submeter ao tratamento da queda de cabelos, compreender a causa e a evolução da patologia diagnosticada e aderir corretamente ao(s) medicamentos(s). São comuns casos de pacientes que informam já terem tratado seu problema sem obter sucesso e, quando verificado, o tempo de terapia ou a droga usada não eram os indicados.

Os andrógenos e os fatores genéticos agem simultaneamente, produzindo o padrão clássico de perda de cabelos masculino. Atualmente sabe-se que a herança genética vem de ambos os lados, materno e paterno, e o padrão hereditário pode ser autossômico dominante e/ou herança poligênica com penetrância variável.

O papel dos andrógenos foi primeiramente identificado através da observação de uma população de eunucos, os quais não apresentavam calvície, com exceção dos casos onde a administração externa do hormônio masculino era feita. Após estudo, realizado em indivíduos da República Dominicana, ficou evidente o envolvimento da dihidrotestosterona (DHT) na patogênese da AAG. Alguns homens desta população eram deficientes na enzima 5 alfa reductase tipo II, e consequentemente na produção de DHT. Estes não desenvolviam calvície. Mais tarde, com o surgimento da Finasterida, medicamento que bloqueia a formação do DHT através na inibição da 5 alfa reductase tipo II, ficou confirmada a importância da ação deste hormônio no processo da calvície.

Na prática, quando nos deparamos com um quadro de AAG masculina, o diagnóstico na maioria dos casos é feito através da anamnese e do exame físico do paciente, não necessitando de exames complementares.

Nas mulheres, a fisiopatogênica parece ser diferente. O estudo com a Finasterida 1mg não mostrou evidências de melhora do quadro clínico, sugerindo o não envolvimento somente da DHT. Os tratamentos aplicados nas mulheres são embasados mais na experiência prática do que nos estudos científicos.

A apresentação clínica feminina também é distinta. Ocorre um quadro de rarefação capilar que se inicia na parte média de repartição dos fios, sempre preservando a linha anterior de implantação dos cabelos. Isto acontece pela presença da aromatase, enzima que converte a testosterona em estradiol, impedindo a formação dos recessos temporais conhecidos como “entradas”, muito comuns nos homens. Na evolução, a miniaturização dos fios é difusa. Os diferentes níveis de 5 alfa reductase , o número de receptores para andrógenos e a presença da aromatase fazem com que a perda capilar seja moderada em comparação aos homens, porém o efeito emocional desta perda é muito maior.

Clinicamente, o diagnóstico pode ser sugerido após uma boa anamnese e um bom exame físico, porém o médico deve afastar outras patologias que possuem apresentação semelhante. Dentre elas destacam-se o eflúvio telógeno, a alopecia areata difusa, a alopecia areata incógnita, doenças inflamatórias como o lúpus e os alguns quadros de alopecias cicatriciais. Atualmente, com o advento da dermatoscopia, o diagnóstico em consultório pode ser feito de maneira mais precisa, necessitando de exames complementares somente nos casos mais complexos. Hemograma, ferro sérico, ferritina, avaliação da tireóide, relação FSH/LH, prolactina, vitamina D e os andrógenos são os mais solicitados. A grande maioria das mulheres, com um quadro de miniaturização capilar apresenta hormônios em níveis normais, tornando a solicitação relevante somente nos casos com história de alteração menstrual, hipertricose, acne severa ou infertilidade. Se houver dúvida no diagnóstico, mesmos diante dos resultados dos exames citados anteriormente, a biópsia de couro cabeludo dever ser feita.

Tratatamentos

Atualmente somente três tratamentos para calvície são aprovados pelo FDA, órgão americano que regula os medicamentos e alimentos: a loção tópica de Minoxidil, a Finasterida e o Laser de Baixa voltagem, que também são liberados pela ANVISA para uso no Brasil. A ação terapêutica dos três tipos de tratamento se faz em determinado ponto do ciclo dos cabelos, retardando a evolução do processo de miniaturização, de maneira diferente em cada método. Como conseqüência, ocorre o aumento do comprimento e da espessura dos fios existentes, gerando uma maior cobertura da área calva. O tempo necessário para originar uma resposta significativa é de pelo menos seis meses, quando as fotos antes e depois, e a visualização do próprio paciente demostram a melhora do quadro. A continuidade das terapias se faz necessária para a manutenção dos resultados. Se os tratamentos forem interrompidos, os benefícios serão perdidos dentro de 6 meses a 1 ano, e os fios retornam ao seu padrão anterior.

Fonte: ABCRC

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